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Uma das revoluções na vida de quem trabalha nas estradas, em especial o caminhoneiro, é uma tecnologia conhecida como “Internet das Coisas”. Para os que ainda estão pouco familiarizados com a ferramenta, Internet das Coisas é a capacidade que as máquinas – ou as coisas, como o próprio nome diz – têm de conversarem de maneira digital com pouquíssima ou nenhuma participação humana. E como isso acontece no dia a dia?
Os sensores automotivos, por exemplo, são um excelente exemplo de solução que a Internet das Coisas é capaz de entregar. Eles podem avaliar, por exemplo, as condições dos pneus do veículo e do motor, enviando informações via internet para os especialistas que cuidam da manutenção. Se houver um problema, esses dispositivos emitem um sinal e você pode levar o caminhão para o reparo, antes que um imprevisto aconteça na estrada. O mesmo serve para alertar o motorista em caso de pane em peças, ou ainda se o seu cansaço está afetando a maneira como dirige.
A Internet das Coisas já evoluiu muito e ainda tem muito a se desenvolver, melhorando o nível de segurança nas rodovias, eficiência do transporte e até ajudando a construir uma estrada mais amigável para o meio ambiente. Em conversa com Thomas Ledoux, vice-presidente para mobilidade, serviços e soluções conectadas da Michelin, vamos entender um pouco mais o que esperar dessa ferramenta valiosa para o setor de transporte nos próximos anos. Confira!
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Thomas Ledoux, vice-presidente da Michelin para a engenharia para a mobilidade, serviços e soluções ligados
1 - Como um especialista, de que forma você entende o significado de Internet das Coisas?
Thomas Ledoux: O objetivo da Internet das Coisas é produzir informações para melhorar o trabalho. Por exemplo, um sensor que informa ao caminhoneiro que o pneu do caminhão está 8 bar (116,03 psi) e profundidade do piso de 3 mm. Como esses dados são muito técnicos, pode ser que o motorista não tenha ideia do que fazer com eles. Então, em vez disso, podemos programar o sensor para dizer que dentro de três semanas será necessário substituir o pneu do eixo do lado direito. Essa informação é extremamente útil e fácil de entender, não é? A Internet das Coisas pode até depender da máquina, de conhecimentos complexos e muita tecnologia. No nosso dia a dia, porém, isso se traduz em mais segurança, sustentabilidade, durabilidade de equipamentos e simplicidade.
2 – Pode mencionar outras vantagens da Internet das Coisas?
Thomas Ledoux: Na Europa, em média, os pneus são trocados quando chegam a 4,8 mm de profundidade do piso. Isso é muito cedo, em comparação com o que é recomendado para a troca, que varia de acordo com o país e pode chegar a no máximo 1 mm. Em vez de esperar o momento ideal, os proprietários do veículo preferem substituir os pneus mais cedo do que o necessário para garantir sua segurança.
No entanto, por mais que o desgaste exija a substituição dos pneus, você não precisa fazer a troca quando a profundidade alcança 4,8 mm. Essa ansiedade leva a gastos desnecessários, uma vez que nesse momento o pneu ainda está em condições seguras de uso. Então, por que trocar?
Em segundo lugar, a resistência ao rolamento de um pneu mais antigo é menor que a de um pneu novo. Isso significa, sob o ponto da natureza, que os últimos quilômetros percorridos por um pneu desgastado são os mais limpos, pois nessa fase seu uso ajuda a reduzir a poluição do ar. Desse modo, é importante utilizar os pneus até a última etapa do seu ciclo de vida, dentro naturalmente das normas de segurança.
A troca no tempo recomendado evita gastar dinheiro com um novo pneu sem necessidade. Além disso, quanto mais você troca pneus desnecessariamente, mais está consumindo as matérias-primas naturais utilizadas para produzir aquele pneu, enquanto poderia estar economizando.
É nesse sentido que a Internet das Coisas ajuda. Ela possui recursos para sinalizar quando um motorista precisa fazer a manutenção preventiva dos pneus do caminhão e até mesmo o momento ideal para substituir o produto. A tecnologia permite organizar melhor a agenda de revisões, ajudando a reduzir desperdícios e custos.
O objetivo da Internet das Coisas é produzir informações valiosas e úteis para melhorar a performance do caminhão e a vida do caminhoneiro.
3 – Qual seria o exemplo de uma solução da Internet das Coisas para melhorar a vida útil dos pneus?
No Michelin QuickScan, um equipamento é acoplado ao pneu para analisar o desgaste da banda. A Internet das Coisas nos permite criar soluções capazes de monitorar o produto diariamente e prever seu desgaste com precisão. Isso dá tranquilidade aos nossos clientes para transportar mercadorias e pessoas.
Há ainda tecnologias como a RFID (identificação por radiofrequência), colocada dentro da borracha do pneu para transmitir informações sobre ele ao longo de sua vida útil. Outras medem temperatura e pressão em tempo real, alertando sobre redução lenta da pressão e problemas relacionados, essas inclusive já estão disponíveis no Brasil através da Michelin Connected Fleet.
Outra solução também já disponível no Brasil é o Frota Certa, oferta de serviço da Michelin que transforma as análises manuais feitas nos pneus de uma frota em relatórios inteligentes e digitais para que os gestores da frota possam ter dados gerenciais e operacionais. Tudo isso ajuda na manutenção preventiva.
4 – Como a Internet das Coisas impacta na segurança e no meio ambiente?
A tecnologia é muito positiva. Em geral, o motorista não consegue nem imaginar o número de pneus que consegue economizar monitorando melhor o desgaste, a pressão e a temperatura do que tem instalado no seu veículo. Essa gestão e controle dos pneus prolonga seu tempo de uso, melhora o planejamento de revisões e evita que nos livremos deles muito cedo e sem necessidade.
Além disso, se monitoramos de perto o desgaste também melhoramos a segurança das pessoas e das cargas nas estradas. Pergunte a qualquer caminhoneiro e ele vai responder que os cuidados com o eixo da direção são fundamentais para a segurança. Nossas soluções dão aos motoristas exatamente as informações e a estrutura que eles precisam para respeitar as demandas do caminhão e viver com mais tranquilidade.
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O motorista não consegue imaginar o número de pneus que economiza monitorando melhor o desgaste, a pressão e a temperatura dos pneus
5 – Como a Internet das Coisas vai evoluir no setor de transportes nos próximos anos?
Em breve, vamos integrar novos comandos e novas “inteligências” nas soluções de Internet das Coisas para operar um conceito conhecido como “pelotões (comboios) de caminhões”. Esse conceito permite conectar frotas, por exemplo, para reduzir as emissões de gases poluentes nas estradas. E digo mais: melhorar a performance dos veículos somente é possível de forma completa se tivermos as devidas informações sobre seus pneus.
Para garantir mais segurança em uma situação de frenagem brusca, é necessário que todos os pneus estejam nas melhores condições, em termos de pressão, desgaste e temperatura. Ao mesmo tempo, sistemas de gestão de frotas futuros, alimentados com recursos digitais, darão aos proprietários uma visão geral de todos os seus caminhões, incluindo o comportamento do motorista na direção, gestão do tempo de inatividade, otimização de rotas para melhorar o impacto ambiental, segurança e eficiência geral.
* Entrevista a Thomas Ledoux realizada a 29 de setembro de 2021.
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